Eclipse total da Lua em 15 de abril
Fonte: circuitomt
Na
madrugada de 15 de abril ocorrerá um eclipse lunar total que será
visível em todo o Brasil, mas, os moradores das ilhas continentais só
observarão por algum tempo a fase em que a Lua fica obscurecida. As
regiões brasileiras mais a oeste, como o Acre e parte do Amazonas,
serão privilegiadas e poderão acompanhar todas as etapas desse fenômeno.
Para o Acre, que retornou ao fuso horário UT-5, a primeira fase do
eclipse começará no dia 14 de abril.
Um eclipse lunar total passa por algumas fases antes da totalidade, que
ocorre quando a Lua entra na parte mais escura da sombra produzida pela
Terra. Inicialmente ocorre um eclipse lunar penumbral, quando a Lua
apenas diminui o seu brilho e não é perceptível nem a olho nu e nem com
telescópios amadores. Logo depois acontece um eclipse parcial da Lua que
costuma ser a parte preferida do público, quando a Lua parece estar
mordida. Após a totalidade, os dois eclipses anteriores se invertem; ocorre um eclipse lunar parcial que é seguido por um eclipse lunar
penumbral até o término do eclipse.
Um eclipse lunar total ocorre quando a Lua, na fase cheia, alcança a
região da sombra que a Terra projeta no espaço. Para que um eclipse
total ocorra deve acontecer um alinhamento entre o Sol, a Terra e a Lua.
Mesmo quando a Lua entra totalmente na umbra, que é a parte mais
escura da sombra da Terra, ela não desaparece totalmente, apresentando
uma cor avermelhada. Isso ocorre porque a luz solar é espalhada e
refratada na atmosfera da Terra, que funciona como um filtro. A luz azul
é muito mais dispersada do que a luz vermelha, e segue diversas
direções. A luz vermelha permanece mais próxima ao seu trajeto original e
parte dessa luz alcança a Lua. A presença de poeira e a fumaça no ar
ajudam a tornar a cor da Lua avermelhada.
É importante salientar que a visão de um evento astronômico depende da
localização do habitante em nosso planeta. Quem segue o fuso horário de
Cuiabá (UT-4) conseguirá avistar a totalidade desse eclipse e o eclipse
lunar parcial que o segue. Antes de terminar o eclipse penumbral a Lua
não estará mais visível. Em termos práticos, se as condições climáticas
nos estiverem favoráveis será possível observar a Lua obscurecida e
“mordida” duas vezes, antes e após sair da totalidade. Para os
habitantes do Acre todo o eclipse lunar penumbral na fase final ainda
estará disponível, mas, como esse tipo de eclipse lunar não é
facilmente perceptível, essa não é uma grande vantagem. Ocorre que para
um habitante mais a oeste, em Rio Branco (UT-5), por exemplo, a Lua
estará mais alta durante o eclipse e o fenômeno será observado mais
facilmente. Para um morador de Recife (UT-3) a Lua já estará mais baixa
no céu, dificultando a sua observação. Para observadores com o mesmo
fuso horário, como os de João Pessoa e Brasília, ambos com UT-3, por exemplo, as diversas etapas do eclipse lunar
ocorrerão ao mesmo tempo, mas, os observadores mais a oeste (os de
Brasília) terão uma melhor visualização do fenômeno.
Esse eclipse lunar total está sendo chamado de Lua Sangrenta (“Blood
Moon”), popularizado pelo pastor John Hagee em seu livro “Quatro Luas de
Sangue”. Ocorrerão quatro eclipses lunares totais em sequência,
possíveis de serem observados na Terra: em 14-15 de abril de 2014, 8 de
outubro de 2014, 4 de abril de 2015 e 27-28 de setembro de 2015.
Para a Astronomia esse fato não tem nenhum significado, muito menos
para nós no Brasil. Como a observação de eventos astronômicos depende da
localização do observador, nós só poderemos observar outro eclipse
lunar total em 27-28 de setembro de 2015, começando na noite de 27 de
setembro e terminando na madrugada de 28 de setembro de 2015. Portanto,
para nós serão dois, e não quatro eclipses lunares totais no período
2014-2015.
Telma Cenira Couto da Silva, doutora em Astronomia
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