Porque a Ilha das Mulheres no México tem esse nome?

     


      Quando estive no México, em dezembro de 2019 fui conhecer Isla Mujeres. As mulheres tinham uma posição de poder nas sociedades pré-colombianas. 

     Em 1517, Hernández de Córdoba chegou a uma ilha situada a pouca distância da costa da Península de Yucatán e a chamou de Isla Mujeres, pois, os templos que visitaram ali continham uma grande quantidade de ídolos femininos”.

    Antes da conquista, as mulheres americanas tinham suas próprias organizações, eram reconhecidas socialmente e, embora não fossem iguais aos homens, eram consideradas complementares a eles.

    As mulheres da sociedade asteca possuíam muitas habilidades como artesãs de cerâmica e tecidos, como sacerdotisas, médicas e comerciantes.

   Tudo mudou com a chegada dos espanhóis, que trouxeram sua bagagem de crenças misóginas e reestruturaram a economia e o poder político em favor dos homens.  

    As mulheres sofreram também nas mãos dos chefes tradicionais, que, a fim de manter seu poder, começaram a assumir a propriedade das terras comunais e a expropriar das integrantes femininas da comunidade o uso da terra e seus direitos sobre a água.

    A nova legislação espanhola, que declarou a ilegalidade da poligamia, constituiu outra fonte de degradação para as mulheres. Do dia para a noite, os homens se viram obrigados a se separar de suas mulheres, ou então convertê-las em criadas. Ironicamente, com a chegada dos espanhóis, ao mesmo tempo que as uniões poligâmicas eram dissolvidas, nenhuma mulher indígena se encontrava a salvo do estupro ou do rapto. Dessa forma, muitos homens, em vez de se casarem, começaram a recorrer à prostituição.  

      Na fantasia europeia, a América em si era uma mulher nua, sensualmente reclinada em sua rede, que convidava o estrangeiro branco a se aproximar. Em certos momentos, eram os próprios homens “índios” que entregavam suas parentes aos sacerdotes em troca de alguma recompensa econômica ou de um cargo público.

     Por todos esses motivos, as mulheres se converteram nas principais inimigas do domínio colonial, negando-se a ir à missa, a batizar seus filhos ou a qualquer tipo de cooperação com as autoridades coloniais e com os sacerdotes. (Informações do livro Calibã e a Bruxa, Silvia Federici)

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