Porque a Ilha das Mulheres no México tem esse nome?
Em 1517,
Hernández de Córdoba chegou a uma ilha situada a pouca distância da costa da
Península de Yucatán e a chamou de Isla Mujeres, pois, os templos que visitaram
ali continham uma grande quantidade de ídolos femininos”.
Antes da conquista, as mulheres americanas tinham suas próprias organizações, eram reconhecidas socialmente e, embora não fossem iguais aos homens, eram consideradas complementares a eles.
As
mulheres da sociedade asteca possuíam muitas habilidades como artesãs de
cerâmica e tecidos, como sacerdotisas, médicas e comerciantes.
Tudo
mudou com a chegada dos espanhóis, que trouxeram sua bagagem de crenças
misóginas e reestruturaram a economia e o poder político em favor dos homens.
As
mulheres sofreram também nas mãos dos chefes tradicionais, que, a fim de manter
seu poder, começaram a assumir a propriedade das terras comunais e a expropriar
das integrantes femininas da comunidade o uso da terra e seus direitos sobre a
água.
A
nova legislação espanhola, que declarou a ilegalidade da poligamia, constituiu
outra fonte de degradação para as mulheres. Do dia para a noite, os homens se
viram obrigados a se separar de suas mulheres, ou então convertê-las em criadas.
Ironicamente, com a chegada dos espanhóis, ao mesmo tempo que as uniões
poligâmicas eram dissolvidas, nenhuma mulher indígena se encontrava a salvo do
estupro ou do rapto. Dessa forma, muitos homens, em vez de se casarem,
começaram a recorrer à prostituição.
Na
fantasia europeia, a América em si era uma mulher nua, sensualmente reclinada
em sua rede, que convidava o estrangeiro branco a se aproximar. Em certos
momentos, eram os próprios homens “índios” que entregavam suas parentes aos
sacerdotes em troca de alguma recompensa econômica ou de um cargo público.
Por
todos esses motivos, as mulheres se converteram nas principais inimigas do
domínio colonial, negando-se a ir à missa, a batizar seus filhos ou a qualquer
tipo de cooperação com as autoridades coloniais e com os sacerdotes.
(Informações do livro Calibã e a Bruxa, Silvia Federici)
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