BOSTON E O CGN
O movimento “Lei e
Ordem” teve seu nascimento nos Estados Unidos da América com o firme propósito
de conter o avanço da violência. É integrado principalmente por quem defende
uma ideologia da repressão para conter um inimigo criado através do medo. A
estratégia é difundir a ideia de que a criminalidade encontra-se sem controle
criando um verdadeiro estado de desespero entre as pessoas que reclamam solução
imediata para o angustiante problema da segurança pública.
Em 2001 as Torres Gêmeas foram alvos de atos terroristas dando
provas de que a política de “Tolerância Zero” é uma falácia e nenhum País na
face da Terra está efetivamente seguro.
Após esse triste
episódio, assistimos a imposição de duras restrições aos estrangeiros, uma onda
de pânico entre os americanos, a invasão ao Afeganistão e finalmente a morte de
Osama Bin Laden. Passados 1 ano e 11 meses, ou seja, às véspera de completar
dois anos do extermínio do fundador da al-Qaeda, mais um atentado assusta a
maior potência capitalista do mundo.
Qual será a reação? O
que virá pela frente?
Não consigo enxergar
legitimidade num movimento que alimenta o ódio e a aversão por quem pensa de
forma diferente, por mais nobre que seja a causa.
Durante algum tempo
fui simpatizante do comunismo. Era agradável a ideia de viver numa sociedade
igualitária. Havia lido “Henfil na China”, “Olga” e “Perestroika”, sugeridos
pelo meu falecido pai, comunista convicto até ser anistiado pelo Figueiredo, quando
voltou a receber seu soldo militar (não conseguia dividir sua renda nem com a minha
mãe, que era professora e ganhava bem menos que ele).
Com o tempo fui
entendendo que determinado sistema, forma e regime de governo para funcionar
dependem do grau de evolução de seu povo e que a educação de boa qualidade é
fator preponderante nesse processo.
A professora Vera
Pereira de Andrade, pós Doutora em Direito Penal e Criminologia, afirma em um
de seus artigos que no senso comum do capitalismo globalizado sob a ideologia
neoliberal (CGN) domina uma leitura
da criminalidade violenta de rua como sendo o grande inimigo causador da
insegurança individual e coletiva. O controle penal desse capitalismo está às
voltas com o problema da estabilização da ordem, gerados e agravados pelo
desemprego, aumento da pobreza, individualismo e intolerância para com o outro,
traduzido no excesso de pessoas tratadas como lixo humano, “multidão”, os
“novos impuros”.
Refletindo sobre o
ensinamento da professora catarinense, penso que os grandes inimigos da paz
social são: a intolerância, o egoísmo traduzido num crescente individualismo e
o orgulho.
Para atingir essa tão
almejada pacificação precisamos de líderes que beirem a perfeição possuindo
virtudes como tolerância, altruísmo e humildade. Infelizmente os nossos líderes são reflexos
de nós mesmos.
Aqui no Brasil temos
líderes sem autocontrole: que fala aos berros com seus assessores, que não
consegue tratar os seus pares de forma respeitosa, que não tem o menor pudor em
representar seus colegas, mesmo respondendo a processos criminais. Esses são os
nossos líderes: que não controlam a si próprios.
É... e o mundo vai mal
de líderes, que o diga a Corea do Norte.
Obama, primeiro
presidente negro da história dos Estados Unidos já fez seu pronunciamento a
respeito da bomba: vai encontrar o responsável ou responsáveis. Vamos esperar
para ver se o grau de “Tolerância” continuará “Zero” ou se será ainda menor que
isso.
Comentários
Uma sociedade com tantos problemas e diferenças, não irá encontrar a solução para os seus males de uma hora para outra. A evolução de um povo, nunca é igualitária, já que as oportunidades para cada cidadão depende daquilo que o Estado lhe oferece. O que vemos é a negação do básico para que o cidadão possa traçar o caminho do bem. Vive-se mais ou menos, ou melhor, sobrevive-se.
Quem é do bem, faz um esforço tremendo para permanecer no caminho do bem, mas o cidadão que tem fragilidades de caráter, encontra mais facilidade para descambar para o lado corrupto da vida.
Esse mesmo cidadão frágil de caráter, é o que está mais exposto para ser manipulado pelo sistema. Esse controle do Estado através do medo é antigo e outros sistemas também fazem uso dessa manipulação, como vemos na mídia.
Procura-se um ídolo, um mártir, um herói... que não achamos mais em lugar algum...
Quem será o melhor governante do mundo? Quem terá o maior poder em um bando? Qual o melhor esportista? A moça mais bonita? O intelectual que ditará as novas regras filosóficas? Cada setor procura eleger aqueles que possuem melhor eficiência, mas em um mundo em que a cada 5 minutos, se elege uma novidade, terá o controle, aquele que tiver mais informação/comunicação com as massas.
Como escreveu Thomas Hobbes: ‘Uma grande multidão institui a uma pessoa, mediante pactos recíprocos uns aos outros, para em nome de cada um como autora, poder usar a força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a paz e a defesa comum’. O soberano é aquele que representa essa pessoa. Nada mudou desde, mais ou menos 1600, quando Thomas Hobbes escreveu sobre o papel do Estado na vida das pessoas.
Obama quer ser o líder, o senhor do medo? Um líder derrotado por seus próprios concidadãos...
Bom fim de semana!!
Beijus,