A origem do Halloween e do Caça às Bruxas
"Halloween" é uma abreviação de "All Hallows' Eve". No idioma inglês, "hallow" remete a "santo" e "eve" a "véspera", ou seja, literalmente significa véspera do dia de Todos os Santos, comemorado em 01 de novembro.
A data foi estabelecida durante a
Idade Média, quando os celtas comemoravam um festival chamado Samhaim, por
acreditar que, durante aquele período, os mortos "acordavam" e se
apoderavam dos corpos dos vivos. Para afastar os maus espíritos eles usavam
fantasias e decoração aterrorizantes.
Condenado pela Igreja Católica,
o festival foi nomeado de Dia das Bruxas, já que
quem não era cristã era chamada de "bruxa". O tema é bastante atual
não só por causa da data, mas pelo fenômeno em si. Caça às bruxas foi
segundo Silvia Federici (2017), filósofa italiana (radicada nos Estados Unidos),
o estopim de um movimento político de resistência das mulheres à profunda crise
econômica que se abateu sobre classe trabalhadora da época. Seu ápice ocorreu entre
1580 e 1630.
A herege (quem denunciava as
hierarquias sociais), a curandeira, a esposa desobediente, a mulher que ousava
viver só, que incitava os escravos à rebelião era acusada de bruxaria.
Centenas de milhares de mulheres não
teriam sido massacradas e submetidas às torturas mais cruéis se não tivessem
proposto um desafio à estrutura de poder. Essa guerra contra as mulheres, que
se manteve durante um período de pelo menos dois séculos, constituiu um ponto
decisivo na história das mulheres na Europa, representou o equivalente ao
“pecado original” no processo de degradação social que as mulheres sofreram e
ainda sofrem.
Diante de cada crise econômica o
Caça às Bruxas é relançado, de diferentes maneiras, com a finalidade de camuflar
a exploração das mulheres e dos sujeitos coloniais (negros, indígenas e nativos
da América Latina).
De acordo com Edgar Morin, antropólogo,
sociólogo e filósofo francês (com 101 anos de vida) o desenvolvimento das
ciências físicas e biológicas apresenta problemas éticos e políticos cada vez
mais graves. Morin afirma que as ciências não conhecem nenhuma salvaguarda
ética interna, pois, a ética provém de morais externas (laicas ou religiosas) e
pondera que os progressos da física nuclear estão estampados em armas
nucleares, da física quântica na informática (GAFA) e da medicina nas mãos de
multinacionais farmacêuticas.
Morin,
em seu livro Terra-Pátria tentou conscientizar seus leitores que a globalização
técnico-econômica criaria uma comunhão de destinos entre todos os humanos na
expansão econômica planetária e com ela a degradação da biosfera.
Durante 50 anos o escritor dedicou a
sua vida em elaborar uma via que pudesse reformar a educação e apontasse um
caminho para uma economia mais solidária através do pensamento complexo e de
uma ação consciente. Todas as suas concepções materializadas em sua obra Método
é agora denominada de Humanismo Regenerado que se baseia no reconhecimento
da plena qualidade humana e da plenitude dos direitos de todos os humanos de
qualquer origem, sexo ou idade.
Esperamos que o presidente eleito
possa ser humanista: saber que somos todos humanos semelhantes e diferentes,
sentir que cada um de nós é um momento efêmero de uma aventura extraordinária,
a aventura da vida que deu origem à aventura humana, que, ao longo de criações,
tormentos e desastres, chegou a uma crise gigantesca, na qual está em jogo o
destino da espécie (MORIN, 2021).
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