Cultura Analítica
Entre
os dias 28 a 30 de abril de 2021 aconteceu em ambiente virtual o VIII ENASTIC
(Encontro Nacional de Tecnologia e Inovação) em parceria com o Tribunal de
Justiça do Maranhão.
Ricardo Cappra, pesquisador de
cultura analítica e de impactos de dados na sociedade e nos negócios foi o keynote
convidado para abrir o evento. Dentre as informações para quais ele chama
especial atenção destacam-se aquelas relacionadas às habilidades analíticas. As
habilidades analíticas não se restringem a uma atividade específica, pois,
estão presentes em todas as funções profissionais.
De forma bem resumida o que Cappra diz é que durante muitos anos as escolas e
universidades prepararam os alunos para atuar em áreas determinadas como saúde,
justiça, engenharia, portanto, qualquer formação tradicional estava direcionada
para uma profissão específica. Contudo, existem algumas disciplinas que são transversais
na formação desses profissionais como matemática e história. Dentro do direito se
aprende mais filosofia, por exemplo.
Com
o tempo, os cursos de datilografia deixaram de ser oferecidos assim como os de computação.
A habilidade de lidar com meios e instrumentos digitais tornou-se uma prática
que está em tudo o que fazemos. Nos últimos anos, sofremos uma avalanche de dados
e estamos precisando lidar mais especificamente com a tecnologia da informação,
mas não fomos preparados para essa tarefa. Atualmente, as pessoas são
estimuladas a utilizar dados para tudo: realizar análises através de “mindset
data-driven”.
Analisar dados e tomar decisões a partir dessas
análises é algo de os profissionais de direito não têm como fugir.
Partindo dessa premissa fiz um levantamento de minha
atuação como defensora de segunda instância do dia 20/01 até o dia 13/05/2021 e
cheguei ao seguinte resultado: 525 processos foram analisados; destes, 33
foram alvo de recurso (pela acusação ou defesa), ou seja, 6,28% apenas
tinham probabilidade de serem admitidos; destes, 8, ou seja, 24,24%
tiveram resultados favoráveis aos assistidos da Defensoria Pública; 4, ou seja,
12,12% tiveram resultados desfavoráveis; e 21, ou seja, 63,63%
ainda não foram julgados.
O fundamental para qualquer aspirante analítica, posição
que me enquadro, é compreender o método de armazenar os dados sobre os
processos em que estou atuando.
A Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso ainda
não possui um software que atenda todas as suas necessidades a contento, entretanto,
a administração superior está envidando esforços para conseguir implantar em breve
o Solar, um sistema de solução avançada em atendimento de referência
desenvolvido pela Defensoria de Tocantins.
Em razão dessa ausência, desde que cheguei ao núcleo
da Segunda Instância estou utilizando uma planilha de Excell desenhada
pelos colegas mais antigos, para gerenciar meu gabinete, o que está me
possibilitando enxergar a realidade e saber diferenciar características
quantitativas e qualitativas. O aspirante analítico que se acostuma a esse procedimento
passa a verificar padrões de informações nos dados com os quais lida e a
reduzir o uso do feeling (intuição) otimizando o tempo, economizando
recursos públicos e tomando decisões com mais segurança.
Tânia Regina de Matos é Defensora Pública, coordenadora do núcleo da Segunda Instância Criminal
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