“MINHA CRIANÇA TRANS: EU SÓ QUERO QUE MEU FILHO SEJA FELIZ”
O título do artigo se refere a um vídeo exibido no youtube para fomentar a discussão sobre o acolhimento de pessoas trans. A história narrada pela mãe da criança é emocionante e nos leva a refletir sobre a empatia que deve permear os relacionamentos interpessoais.
Para atender ao pedido da mãe sobre a
mudança do nome de seu filho no diário da escola, a direção do estabelecimento prepara
os alunos e alunas demonstrando uma atitude muito acolhedora. A aceitação dos
pais da criança fez toda a diferença no processo de transição.
Ouvir os colegas do filho gritando
juntos o nome “Felipe, Felipe” provocou um sentimento de alívio para a genitora
consciente do sofrimento pelo qual a criança já havia passado até verbalizar
que gostaria de vestir roupas de menino e ser tratado como tal.
De acordo com o Mapa da Violência
de Gênero, o Brasil teve 225 casos de violência contra pessoas LGBTQUIAPN+ por
dia em 2017 (GOES e SOUSA, 2020) e uma taxa de 82% de evasão escolar de
travestis e transgêneros, segundo o defensor público João Paulo de Carvalho
Dias, ex presidente da Comissão de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do
Brasil (MOREIRA, 2017).
Em Mato Grosso esses números não
são muito diferentes. Dados de janeiro a maio deste ano, do Disque 100, do
Ministério dos Direitos Humanos, apontam 28 denúncias e 168 violações por
situações de violências contra pessoas LGBTQIAPN+ no Estado. [1]
Sexualidade e identidade de gênero configuram modos de
entendimento de estruturas organizadoras da vida em seus aspectos subjetivos,
simbólicos, políticos, sociais e econômicos, conceitos que expressam as formas
de socialização de pessoas e de estruturas de poder (idem).
A
figura cisgênera e heterossexual constitui o modelo de onde parte a humanidade.
Do estranhamento daquela/e que se mostra e é percebida/o como diferente são
articulados violências e processos de negação de direitos como ocorre no campo
da saúde (idem).
Provocada
pelos movimentos sociais correlatos como o Instituto Brasileiro de
Transmasculinidades (Ibrat) e da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Mato Grosso, a
Defensoria Pública do referido Estado articulou uma reunião com representantes
da Prefeitura de Cuiabá, Governo do Estado e Ministério da Saúde visando a
instalação do primeiro ambulatório trans estadual concretizando um direito
humano fundamental que é a saúde.
As
obras foram finalizadas e as instalações do 1º Ambulatório Trans de Mato Grosso,
no Centro de Referência em Média e alta Complexidade de Mato Grosso (CERMAC) estão
prontas para receber a comunidade trans do estado, mas a unidade segue sem
prestar atendimentos.
Conforme a proposta, o ambulatório
terá, além de uma equipe multidisciplinar de profissionais preparados para
lidar com o público trans, tratamentos hormonais, acompanhamento
transexualizador especializado, apoio psicológico e assistência social, acolhendo
a população trans e dando suporte adequado com a atenção e dignidade que todos
merecem.
Tânia
Regina de Matos
Defensora
Pública do Estado
Referências:
GOES. E, F. e SOUSA D. em Raça, Gênero, Etnia e Direitos Humanos. E-book. Universidade Federal Da Bahia Faculdade de Direito Direitos Humanos e Contemporaneidade. Salvador, 2020.
MOREIRA, A. Transexualidades sob a ótica do espírito imortal, AME Editora, Belo Horizonte, MG, 2017.
https://www.defensoria.mt.def.br/dpmt/noticias/defensoria-articula-com-representantes-do-municipio-estado-e-ministerio-da-saude-para-instalacao-do-1-ambulatorio-trans-de-mt-em-novembro Acesso em 01/12/2023
[1] https://www.gazetadigital.com.br/editorias/cidades/denncias-de-violncia-contra-pessoas-lgbtqi-aumentam-366-em-mato-grosso/738744
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