Conteúdo retirado do Curso para Proteção Integral de Defensrores e Defensoras de Direitos Humanos
Somos pessoas diferentes, estamos em contextos diferentes e as possibilidades de estarmos em uma situação de perigo, seja on-line ou não, são múltiplas. Por isto, antes de entrar na paranoia, sabendo de todas as possíveis vulnerabilidades que enfrentamos na nossa vida, é essencial analisarmos as ameaças que são específicas do nosso contexto. Entendemos por ameaça tudo aquilo que é externo a nós e que pode nos causar um dano. As ameaças podem ser virtuais ou não e estão presentes na nossa vida o tempo todo. Para ilustrar esta definição, vamos falar de uma coisa simples, como um dia de chuva na vida de duas pessoas diferentes: Ana e Isabel.
Ana deve sair de casa e percebe que pode chover e esfriar, e analisa a possibilidade de se molhar e passar frio como uma ameaça a sua saúde, e para se precaver leva um casaco e guarda-chuva. Isso é muito importante para Ana porque geralmente fica resfriada nessas situações. Já Isabel não acha que o fato dela se molhar seja uma ameaça tão grande, pois mora numa cidade muito quente e dificilmente fica doente. Então mesmo que esfrie um pouco, ela sabe que nada vai acontecer com sua saúde. Porém pode ser que Isabel tenha mais possibilidades ser picada pelo
mosquito que transmite a Zica e então levar repelente ao sair de casa seja muito mais essencial
para ela que se lembrar de pegar o guarda-chuva, como Ana.
Aqui as duas analisaram as suas ameaças e escolheram se assegurar daquela que parecia mais
grave.
Como os contextos das mulheres são muito diferentes e formados por diversas
características externas e internas como aspectos geográficos, culturais, sociais, econômicos,
psicológicos, físicos e digitais, entendemos essa combinação como um mosaico de fatores que
influenciam a nossa análise das ameaças. Por isto estamos usando esse termo para entender o
contexto e o que fazer para nos proteger.
Uma forma simplificada de fazer isto é analisar o que se quer assegurar e de quem se quer
proteger. Por exemplo, pode ser uma comunicadora pode querer proteger suas informações
pessoais de possíveis agressores machistas, ou ser uma defensora de direitos humanos e querer
proteger seus contatos de empresas e governos que têm interesses em impedir suas ações de protesto.
Percebemos que para cada pessoa existe o que chamamos de Mosaico de Ameaças, e
entendê-lo é o primeiro passo para saber onde focar as suas prioridades em relação a sua
segurança digital.
Antes de começar essa leitura tente fazer este exercício, refletindo sobre:
O QUE VOCÊ ESTÁ TENTANDO
PROTEGER? DE QUEM VOCÊ
ESTÁ SE PROTEGENDO?
Abaixo listamos algumas dessas respostas em “O que vou proteger?” e “De quem vou proteger?”
para nos ajudarem a achar as estratégias e táticas que servem a algumas ameaças. Contudo é
importante lembrar que as respostas listadas aqui são apenas exemplos. Você poderá encontrar
outras razões para se proteger de algum outro risco, e dessa forma desenhar sua estratégia e
suas táticas mais adequadas.
Não esperamos dar respostas prontas para nossos problemas, mas desejamos que os conteúdos
dessa Guia provoquem o pensamento em relação à segurança digital. Segurança é uma
mudança de comportamento, e não um aplicativo ou programa instalado no computador ou
celular. Boa leitura!
O que vou proteger: contatos telefônicos,
arquivos que estão no celular (texto, áudio,
fotos e vídeos), mensagens de chat.
De quem vou proteger: qualquer pessoa
que roubar ou tiver acesso ao meu telefone,
adversários políticos interessados nas minhas
informações pessoais, opressores etc.
1) Bloqueie o seu chip: Ligue para sua operadora e peça para bloquear o seu chip. Essa é a única forma de
desconectar algumas das suas contas e aplicativos, como o WhatsApp.
2) Desconecte e apague os arquivos que estão no seu celular remotamente:
Para Androids, acesse: https://www.google.com/android/devicemanager
Para Iphones, acesse: https://support.apple.com/pt-br/HT201472
3) Procure ficar calma! Para o caso de uma abordagem policial ilegal, tente relaxar e respirar fundo, fale
pouco e só responda o necessário. Caso seu celular não seja “baculejado” (apreendido), tente discretamente
entrar em contato com alguém de sua confiança, avisando para para onde você está sendo levada, se for este o
caso.
Coordenação geral: Jelena Dordevic e Fernanda Shirakawa
Textos: Fernanda Shirakawa, Fernanda Monteiro e Larissa Santiago Revisão e edição: Cristina Lima
Contribuições: Priscilla Britto, Joana Varon e Carla Jancz (revisão) Projeto gráfico e visual: Maria Rita Casagrande
Tiragem: eletrônica
Realização: Centro Feminista de Estudos e Assessoria – CFEMEA e Universidade Livre Feminista, em parceria com Blogueiras Negras e Marialab.
Apoio: Oak Foundation e Ford Foundation
Universidade Livre Feminista
Ação colaborativa compartilhada por Centro Feminista de Estudos e Assessoria – CFEMEA, Cunhã Coletivo Feminista e SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia.
www.feminismo.org.br
Comentários