Recebi por e-mail o artigo abaixo escrito pela dra. Maria Berenice Dias, achei interessante e provocou em mim algumas reflexões a respeito de família. Gostaria que todas as minhas amigas e amigos lessem e dessem a sua opinião a respeito do tema. O texto é jurídico mas não é chato. É bastante instigante.
Maria Berenice Dias Desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul Vice-Presidente Nacional do Instituto Brasileiro de Direito das Famílias-IBDFAM www.mariaberenice.com.br
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Será que hoje em dia alguém consegue dizer o que é uma família normal? Depois que a Constituição trouxe o conceito de entidade familiar, reconhecendo não só a família constituída pelo casamento, mas também a união estável e a chamada família monoparental - formada por um dos pais com seus filhos -, não dá mais para falar em família, mas em famílias. Casamento, sexo e procriação deixaram de ser os elementos identificadores da família. Na união estável não há casamento, mas há família. O exercício da sexualidade não está restrito ao casamento - nem mesmo para as mulheres -, pois caiu o tabu da virgindade. Diante da evolução da engenharia genética e dos modernos métodos de reprodução assistida, é dispensável a prática sexual para qualquer pessoa realizar o sonho de ter um filho. Assim, onde buscar o conceito de família? Esta preocupação é que ensejou o surgimento do IBDFAM - Instituto Brasileiro do Direito de Família, que há 10 anos vem demonstrando a necessidade de o direito aproximar-se da realidade da vida. Com certeza se está diante um novo momento em que a valorização da dignidade humana impõe a reconstrução de um sistema jurídico muito mais atento aos aspectos pessoais do que a antigas estruturas sociais que buscavam engessar o agir a padrões pré-estabelecidos de comportamento. A lei precisa abandonar o viés punitivo e adquirir feição mais voltada a assegurar o exercício da cidadania preservando o direito à liberdade. Todas estas mudanças impõem uma nova visão dos vínculos familiares, emprestando mais significado ao comprometimento de seus partícipes do que à forma de constituição, à identidade sexual ou à capacidade procriativa de seus integrantes. O atual conceito de família prioriza o laço de afetividade que une seus membros, o que ensejou também a reformulação do conceito de filiação que se desprendeu da verdade biológica e passou a valorar muito mais a realidade afetiva. Apesar da omissão do legislador o Judiciário vem se mostrando sensível a essas mudanças. O compromisso de fazer justiça tem levado a uma percepção mais atenta das relações de família. As uniões de pessoas do mesmo sexo vêm sendo reconhecidas como uniões estáveis. Passou-se a prestigiar a paternidade afetiva como elemento identificador da filiação e a adoção por famílias homoafetivas se multiplicam. Frente a esses avanços soa mal ver o preconceito falar mais alto do que o comando constitucional que assegura prioridade absoluta e proteção integral a crianças e adolescentes. O Ministério Público, entidade que tem o dever institucional de zelar por eles, carece de legitimidade para propor demanda com o fim de retirar uma criança de 11 meses de idade da família que foi considerada apta à adoção. Não se encontrando o menor em situação de risco falece interesse de agir ao agente ministerial para representá-lo em juízo. Sem trazer provas de que a convivência familiar estava lhe acarretando prejuízo, não serve de fundamento para a busca de tutela jurídica a mera alegação de os adotantes serem um "casal anormal, sem condições morais, sociais e psicológicas para adotar uma criança". A guarda provisória foi deferida após a devida habilitação e sem qualquer subsídio probatório, sem a realização de um estudo social ou avaliação psicológica, o recurso interposto sequer poderia ter sido admitido. Se família é um vínculo de afeto, se a paternidade se identifica com a posse de estado, encontrando-se há 8 meses o filho no âmbito de sua família, arrancá-lo dos braços de sua mãe, com quem residia desde quando tinha 3 meses, pelo fato de ser ela transexual e colocá-lo em um abrigo, não é só ato de desumanidade. Escancara flagrante discriminação de natureza homofóbica. A Justiça não pode olvidar que seu compromisso maior é fazer cumprir a Constituição que impõe respeito à dignidade da pessoa humana, concede especial proteção à família como base da sociedade e garante a crianças e adolescentes o direito à convivência familiar.  |
Comentários
Espero que esteja tudo bem consigo... =)
Para mim a familia, são não só os pais e os irmãos,como também tudo oresto, tios,primos,avós,padrinhos.. Enfim ainda e msmo que haja uma separação entre os pais, eles não deixam de ser uma familia.. Porque os laços sanguinios estão lá!
Bjo*
SaM
[Entre o Céu e o Mar]
www.samuelrolo.blogspot.com
Concordo plenamente com a visão de que a familia normal é aquela que garante segurança, estabilidade e amor à criança.
Comigo está tudo bem.
Penso como vc, família engloba os tios, primos, avós (laços consanguineos) e também aqueles que adotamos como tal (por afinidade).
Obrigada pela visita.
O tema é importante.
A família normal é aquela que trata a criança como precisa ser tratada: com carinho, respeito e exemplo.
Beijo grande.
Hoje em dia os casais homossexuais lutam pelo direito de adopção e, em alguns países ja é permitido, mas a maioria não está preparado para isso, e tão pouco discutem o assunto, mas é algo que só vai aumentar, e isto é apenas um exemplo de mudanças que estamos a sofrer.
Para mim a família não é apenas laços de sangue.
Muito bom post, heinnn tânia!!
Obrigada pelo comentário.
Também penso da mesma forma e as famílias convencionais precisam aceitar as famílias não convencionais.
O que nos interessa é a Paz! Viver harmoniosamente.
Crianças precisam ser amadas para serem adultos melhores e não é necessário uma família tradicional (normal) como dizem os mais incrédulos da diversidade.
Gostaria de indicar um blog excelente e que fala muita da luta,leis e citações e estórias sobre pessoas maravilhosas o blog é http://fazendoestrelas.blogspot.com
Abraços, excelente seu trabalho.
Eu também acho o tema riquíssimo.
Obrigada pela dica, visitarei o blog assim que puder.