Contra pedofilia, em defesa da inocência
Esta é uma história real
Três anos atrás:
_ Alô!
_ Oi tudo bem?
_ Oi Ana?
_ Eu queria lhe pedir para você atender um conhecido meu.
_ Fala para ele me procurar à tarde.
_ Obrigada!
Às 13.00 um homem aparentando 30 anos apareceu e se identificou como amigo da Ana.
_ Pois não?
_ Eu quero propor uma ação de modificação de guarda.
_ O senhor tem motivos fortes para isso?
_ Sim, motivos e documentos. _ Colocou sobre a mesa uma pilha de papéis, que fui lendo um a um. Eram cópias de depoimentos prestados ao Conselho Tutelar do Município sobre um possível caso de abuso sexual envolvendo a filha dele.
_ Desde quando isso vem acontecendo?
_ Não sei ao certo. Eu me separei da mãe da menina quando ela tinha 09 anos. Logo em seguida ela arrumou um namorado e já foi viver com ele. Eu fui embora para outro Estado e não tive mais contato, só depositava a pensão. Eu preciso resolver logo isso por tenho que voltar para o Maranhão, minhas férias estão se acabando.
_ Quem denunciou?
_ Uma professora notou marcas roxas espalhadas pelo pescoço da menina e levou ao conhecimento da mãe. A mãe não deu bola. A professora então falou pra minha irmã e ela denunciou ao Conselho.
_ No depoimento de sua filha ela alega que era só uma brincadeira entre ela e o padrasto. Diz aqui que o padrasto era o vampiro... E a sua ex mulher confirma a versão.
_ Mas a Justiça não tem um meio de descobrir que a menina está sendo forçada a confirmar essa estória?
_ Sim, mas isso demanda tempo. Ela terá que ser avaliada por uma equipe de profissionais, o senhor não está com pressa de voltar para a sua casa?
_ Veja o que a senhora pode fazer com esses documentos que lhe entreguei. Aí tem laudo do IML que demonstra que ela foi chupada.
_ Eu vou tentar obter uma liminar com base nesses documentos.
Peticionei juntando todos os documentos e o Juiz concedeu a liminar para que a menina fosse morar com o pai no Maranhão.
Há seis meses recebo outra ligação:
_ Oi!
_ Oi Ana!
_ Lembra-se daquele caso que você conseguiu a liminar de modificação de guarda?
_ Sim.
_ Pois é, aquela menina está grávida do padrasto.
_ Mas o pai dela não a levou embora?
_ Ela não quis ir e ele lavou as mãos.
_ E as tias?
_ Estão todas revoltadas, xingando todo mundo, querendo bater na mãe da menina, mas eu disse a elas que elas também foram coniventes com a situação. Quando a justiça concedeu a liminar e a menina não quis ir embora com o pai, qualquer uma delas poderia ter pleiteado a guarda, mas nenhuma delas quis assumir a responsabilidade.
_ E agora?
_ Estão os três vivendo na mesma casa e a mãe está dando maior apoio ao relacionamento. Ela diz que os dois se amam!
_ Que horror!
_ Pois é. Eu só te liguei para ver em que vara tramitou o processo de modificação de guarda para eu tirar cópia e juntar no inquérito que está apurando o caso.
_ Eu verifico e te ligo.
Quinze dias depois recebo uma ligação do CREAS (Centro de Referência e Assistência Social) do Município:
_ Estou com um caso cabeludo que está me tirando o sono.
_ O que é?
_ Uma menina que engravidou do padrasto e está vivendo na mesma casa com a mãe...
_ Já sei e já fiz o que poderia ter sido feito no momento certo.
_ Mas eu falei com o Juiz da Infância e ele falou que é caso para vocês resolverem.
_ Não. Ele está enganando, a Defensoria agiu quando deveria ter agido para evitar que a situação dessa menina chegasse onde chegou. Naquela ocasião não havia ruptura do hímen, hoje há prova de que ela manteve relação sexual. É só fazer exame de DNA para comprovar a autoria. Manter relação sexual com menor de 14 é estupro. Não é mais caso para nós resolvermos. É caso de polícia e esse cara tem que ser preso.
_ É?
_ Sabe do que mais: você não deveria perder o sono por isso. Essa menina tem pai e mãe e se houve omissão foi por parte deles.
_ Mas os vizinhos da menina estão revoltados com a Justiça...
_ Os vizinhos não têm que ficar julgando as autoridades. Eu não me lembro de ter lido depoimento de nenhum vizinho na ocasião em que a tia da menina denunciou o caso ao Conselho. Faça a sua parte: relate o que você sabe e deixe que a Polícia faça o resto. Eu também me solidarizo com a menina, ela não tem culpa, é mais uma vítima, só que nem eu e nem você somos responsáveis pela situação em que essa menina se encontra. Nós sabemos que ela precisa ser retirada desse "lar" e ir para um abrigo e isso só vai acontecer quando o inquérito for concluído.
Ainda não recebi a notícia da prisão do abusador e nem sei se ele está sendo processado. Também não sei se a adolescente já teve a criança e se ainda mora com a mãe e o padrasto.
Comentários
Um abraço.
Difícil..Até parece aquela história de que não adianta chorar pelo leite derramado.
Cada caso um caso...Mas é bom saber..para termos condições de avaliarmos e entendermos que o problema é grave..amplo e com diversas possibilidades..Infelizmente..alguns com final feliz(?) e outros..como esse relatado..
Parabéns.
Belo post... embora o fato seja trágico.
Sou Sonia e também estou participando da blogagem coletiva contra pedofilia.
Fiquei chocada com a história verídica relatada por você. O pior de tudo é a conivência dos pais.
Abraços,
Sonia
Eu também me faço essa pergunta: o que será da adolescente e do seu bebê?
Abs
Quem trabalha na área sabe que muitas vezes é a própria família a responsável pela corrupção de seus membros.
Um abraço
São tantas conjunturas. Será a autoridade competente pediu a prisão preventiva desse abusador? O juiz não pode agir de ofício.
Abs
Nesse caso o que me chocou foi exatamente a conivência dos pais.
Abs
De fato, é chocante! Que Deus ilumine essas pessoas...
Bela contribuição para a blogagem!
Beijos!
E tono mundo conivente??
Meu... como consegue?
Até mais!!
É chocante mesmo.
Espero que tenha servido como alerta.
Abs
Eu acho que a família foi mais conivente.
Veja: a professora notou informou a mãe, uma tia denunciou, o Conselho Tutelar agiu, o pai agiu, mas acabou desistindo...
Obrigada pela visita.
É lamentavel que cenas reais como essa sejam corriqueiras. Eu sou professora infantil e quando ainda morava no ABC/SP, trabalhei numa creche de periferia... Deparei-me com um caso semelhante a esse, só que no caso, era menino.
Lembro-me que na época (uns 15 anos atrás) fizemos um barulho e tanto, procuramos ass.social, a policia, a vara da infância... E não tivemos resultados, pq não tínhamos provas reais....
Na minha opinião, a mãe e o padastro deveriam ser presos!
Faço parte dos amigos da Blogsfera e estou feliz, pois a cada novo blog que visito, encontro informações diferentes e excelentes.
Creio que assim atingiremos um numero grande de pessoas e somente informação é capaz de manter pais e responsáveis em alertas!!
parabéns pelas informações passadas!
bjs
Cláudia Pit
http://claudiapit.zip.net
Que tragédia.
Abraco pra ti.
Minha cunhada também é professora e passou pelo mesmo sofrimento.
É horrível saber que somos impotentes perante pessoas.
Concordo com vc, a adolescente deveria ter recebido assistência psicológica sim, naquela ocasião da "brincadeirinha".
Um abraço
Parabéns pela post.
bjs
Pior foi a mãe concordar com tudo.
Tb participei desta blogagem coletiva.
Sucesso pra vc.
Big Beijos
Vc tem razão, mas a "morosidade" ocorre porque vivemos num País democrático. Todo mundo tem direito a defesa.
A ampla defesa ocasiona a morosidade.
É o preço que pagamos pela democracia.
Fico tão entristecida com esses casos, que em vcs homens e mulheres da justiça, deve ser muito complicado e traumatozante.
Penso no advogado que defende o réu, Deus como deve ser complicado.
Quando a justiça irá mudar Tânia?
Sou vovó e fico a pensar no meu netinho, que medo...
Seu post é muito realista, e isso é muito bom, pois as vezes parece que isso não é real...
Fique com Deus minha querida e muita Paz para vc.
Beijos!
Rô!
Viu a importância da professora nesta história?
Abraços
Concordo com vc, unidos temos força para mover a sociedade. Cada um fazendo a sua parte. Obrigada pelo comentário carinhoso.
Abs
Também acho que o pior foi a mãe ter concordado.
Obrigada pela visita.
Abs
É muito complicado ter que fazer a defesa do réu nesses casos(crimes sexuais).
E na minha profissão, o(a) Defensor(a) que atua na área criminal não tem escolha, tem que fazê-lo.
Eu ainda não passei por essa experiência, defender pedófilo... mas se um dia tiver que fazer... não sei como será... não quero nem pensar!
Abs
Estou participando, também, da blogagem coletiva contra a pedofilia e, na medida do possível, visitando os demais participantes.Infelizmente devo dizer que a situação que você relata não é tão incomum como gostaríamos que fosse ... Uma pena!
Parabéns pela postagem.
Mas não menos revoltante por isso..
Um abraço
Realmente é mais comum do que imaginamos.
Um abraço
Em estabelecimentos de saúde deve ser comum presenciar fatos como esse. É preciso ter estômago de avestruz para digerir...
Abs
Fiquei arrepiada ao ler isso, tudo é um absurdo, agora, a mãe aceitar isso é pior ainda...Tenho dois filhos, sou divorciada, mas sempre converso com eles e procuro saber o que está acontecendo, tanto do meu lado, quanto do lado do pai...Peço para tomarem cuidado com coisas diferentes, etc.
Está semana estou postando sobre uma violência diferente, mas, não de menos importância. Se quiser dar uma olhadinha:http://umaconscienciacoletiva.blogspot.com
Beijos.
Obrigada pela visita.
Vou olhar sim, o assunto me interessa.
Abs
Beijos.
Não é só a menina que precisa de acompanhamento psicológico, mas os dois vadios também!
Tânia, a luta tem que ser diária contra os pedófilos!
Brincar de vampiro? Esse homem é um sugador de alma!
Beijus
É chocante mesmo. A mãe precisa de um psiquiatra.
Abs
Beijos
É remédio para o pulso quebrado, para a sinusite, para a alergia, para a tosse, isso só pode embaralhar a cabeça, mas já vou corrigir.
Beijocas
Aliás, será que é certo chamá-la de mãe?
Porque não adianta colocar a culpa só no abusador, a metade da culpa é desta criatura.
Que futuro esta menina terá?
Estou feliz em saber que nosso poder público (pelo menos o do Mato Grosso) faz seu papel direitinho, mas como você disse não pode controlar o resto.
Grande abraço.
Eu tbm trabalho na justiça. Sou bibliotecaria e não defensora. Mas. Leio muito tanto em legislação , como em jurisprudencias e cada vez mais estamos ilhados de noticias tristes como esta. Eu tbm tenho a minha história, e creia é de uma colega de lá.
Bom conhecer vc
beijos
Meu filho está fazendo provas pra defensor..rsss
http://somagui.zip.net
Que tipo de mãe é essa heim?
Credo.
Abraço pra ti.
acompanhei todos seus posts sobre o tema e este me choco! - aliás, como a todos, pelo que vejo. A Fernanda, do Mãe e muito mais contou uma história parecida que testemunhou em Portugal quando era adolescente.
Hoje no Nossa Via no texto Em defesa da inocência eu escrevi sobre esta blogagem e a força que a blogosfera pode ter quando reunida e tratada como um meio de comunicação.
E no A Vida Como A Vida Quer eu publiquei Entrevista com Luma Rosa.
Abraços e boa semana!
Ás vezes somos obrigadas a ver cada coisa.
Fala para o seu filho vir fazer concurso aqui.
Abraços
Obrigada pelo incentivo aos movimentos sociais.
Eu concordo com vc em relação às críticas, todo mundo critica, mas as músicas indecentes continuam sendo tocadas, as coreografias dançadas e os filmes sendo exibidos.
Um abraço.
Obrigada pela visita.
Cada vez que vejo um caso desse, me preparo para ver um pior...
Abraços
http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com
O Blog Diga Não À Erotização Infantil e a Comunidade Diga Não À Pedofilia convidam todos os blogs e sites amigos da criança a participarem de duas blogagens coletivas nos dias 18 e 25 de maio( Dia Nacional De Combate Ao Abuso E Exploração Sexual Infanto-Juvenil e Dia Internacional Da Crianças Desaparecidas)
Mais informações:
http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com/2008/04/28/dias-18-e-25-de-maio-blogagem-coletiva-em-defesa-da-infancia/
Participe conosco dessa luta, em defesa da infância!
Obrigada!