CUBA-LÁ, YOANI-AQUI
Estava à
procura de notícias a respeito da tal blogueira Yoani Sánchez, de Cuba, então
me deparei com um artigo intitulado “Que tal compreender Cuba em lugar de só
atacá-la?”
Confesso que
tive vontade de mudar para lá. Mas aí a dúvida me invadiu. Uma prima minha está
estudando medicina no país de Fidel e logo no primeiro ano engordou 10 quilos
porque só tinha acesso a massas, nada de carnes e nem saladas.
Bom, se não
posso escolher o que eu vou comer e nem quando vou poder viajar, esse lugar não
serve para mim.
Não tenho nada
contra o regime comunista e nem favor, mas muitas pessoas que sempre criticaram
a ditatura militar, a tortura e a falta de liberdade de imprensa agora
resolveram detonar com a jornalista.
Para mim
qualquer governo autoritário não é saudável para o povo e nem para os seus
próprios líderes que se tornam tiranos. E não vejo possibilidade de tiranos se
transformarem em homens menos consumistas, mais solidários, mais pacíficos. Penso
que a liberdade deve prevalecer sempre. Um governo que se sustenta através do
medo é fascista, como diz Vera Malaguti Batista, na obra Depois do Grande
Encarceramento, “o medo corrói a alma e nos fascistiza”.
É certo que
nenhum País deve ter o direito de ditar as regras econômicas e sociais para o
resto do mundo, impondo políticas de exclusão, com restrições de acesso às suas
fronteiras, inflexibilizando a emigração, aprisionando latinos, negros e
pobres, todavia, apontar os cidadãos críticos do regime comunista que o
vivenciam cotidianamente como mercenários e agentes da CIA é um pouco demais.
Eric Hosbawm
em sua obra Era dos Extremos, relata que a democracia só se salvou porque, para
enfrentar o fascismo e os regimes autoritários, houve uma aliança temporária e
bizarra entre capitalismo liberal e comunismo: basicamente a vitória sobre a
Alemanha de Hitler foi, como só poderia ter sido, uma vitória do Exército
Vermelho.
Ora, a
história nos conta que em dado momento o Comunismo foi contra o autoritarismo e
agora indagam que tipo de democracia Yoani Sánchez quer?
Será que não
seria a hora de perguntar que tipo de autoritarismo nós não queremos?
Nas relações
humanas o autoritarismo pode se manifestar até na vida familiar, onde existe a
dominação de uma pessoa sobre outra através do poder financeiro, econômico ou
pelo terror e coação.
Segundo
Arendt, o autoritarismo dentro da política tenta forçar o povo à apatia, à
obediência passiva e à despolitização.
Eu não quero o
autoritarismo da “fidelidade partidária” e da “governabilidade”, que elegeu o
senador Renan Calheiros como presidente do Senado, o autoritarismo de não
aceitar uma decisão final da mais alta corte de justiça da nação, o
autoritarismo de querer controlar a imprensa, o autoritarismo de ignorar a
opinião de milhares de internautas, o autoritarismo de vetar uma lei que
assegura a autonomia da Defensoria Pública e tanto outros tipos de
autoritarismo que somos obrigados a engolir diariamente.
Aliás, fico procurando um motivo para o veto
do projeto de lei 114/11 que favoreceria milhões de pessoas que procuram pelos
serviços de acesso a justiça, mas o saudoso Joãozinho Trinta já respondeu essa
pergunta anos atrás: “O povo gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual”.
Tânia Regina
de Matos
Defensora
Pública em Várzea Grande
Comentários
Infelizmente, nada é feito sem nenhum interesse. Se tudo fosse dosado, de verdade, talvez fosse bom... O socialismo pregado por Cuba até seria bom se suas intenções fossem "claras", pois, acredito, que nesse mundo em que vivemos, infelizmente, a única forma de fazermos as pessoas "dividirem"as coisas, é com a imposição. Talvez seja por isso que a pessoa só coma massa, não tenha carne, mas todos deveriam ter acesso a essa massa, porque tudo deveria ser dividido, todos tem o direito de comer do que tem, não é porque você tem mais dinheiro que tem o direito de comer melhor que eu... Se funcionasse assim, talvez o mundo fosse um pouco melhor...
Beijo,