Os direitos da mulher grávida - a quem se deve gratidão.

 


No texto Mulher Trabalhadora e Mãe, Alexandra Kollantai, líder revolucionária russa, usa o mesmo nome para diversas personagens: Mashenka. O fato que as une é a gravidez. Mashenka é a esposa grávida do diretor da fábrica, é também a lavadeira grávida que mora nos fundos da casa do diretor, é a empregada que trabalha na fábrica e que sofre assédio sexual do diretor porque o médico insinuou a ele não exigir nada de sua esposa, é a tintureira grávida que trabalha 10 horas por dia no meio do vapor e fedor tóxico na fábrica. 

A expressão "mãe gestante é sagrada" vale para a Mashenka esposa do diretor. O parto dessa Mashenka é um grande evento, e o bebê nasce saudável. As demais têm desfechos diferentes: a lavadeira tem seu filho atrás da cortina de chita, no canto de uma sala cheia de outras pessoas. O bebê nasce mirradinho. A empregada após ter sua gravidez descoberta é despedida e pare seu filho debaixo de uma cerca na rua de trás do subúrbio. Ela tentou em uma maternidade, mas esta estava lotada. Enrola o bebê num lençol e se joga no rio. O bebê da tintureira nasceu morto, pois, o vapor que a mãe inalava na fábrica envenenou a criança enquanto ela ainda estava no útero. A tintureira desenvolve uma doença grave por ter ido trabalhar logo após o parto e fica manca, por conta disto.

A autora, que escreveu o texto em 1916 vai propondo alternativas que ao longo do tempo foram implementadas até chegarem o que é hoje: assegurar que o trabalho formal não se torne o "túmulo da maternidade". A lei deveria intervir para ajudar mulheres a conciliarem trabalho e maternidade.

Homens e mulheres trabalhadoras de todos os lugares exigiam a proibição por completo do trabalho noturno às mulheres e aos jovens, uma jornada de oito horas a todos os trabalhadores e a proibição de trabalho a crianças com menos de dezesseis anos de idade. Eles exigiam que meninas e meninos com menos de dezesseis trabalhassem apenas metade do dia.

A lei deveria estabelecer categoricamente que as condições de trabalho e toda a situação de trabalho não deveria ameaçar a saúde da mulher; os métodos de produção prejudiciais deveriam ser substituídos por métodos seguros ou deveriam ser eliminados por completo; trabalhos pesados com pesos ou máquinas movidas a pé deveriam ser mecanizados; as salas de trabalho deveriam ser mantidas limpas e lá não deveriam haver temperaturas extremas; banheiros, lavabos e refeitórios deveriam ser providenciados.

Era de grande importância uma lei que estabelecesse que as mulheres trabalhassem sentadas. Também era importante que multas efetivas e não somente nominais fossem aplicadas aos proprietários de fábricas que infringissem a lei.

Se hoje a a maternidade é valorizada foi porque mulheres trabalhadoras da Rússia e de outros países lutaram por isso.

Naquela época o partido trabalhista exigia um intervalo de dezesseis semanas de licença maternidade: oito antes e oito após o parto. Buscou também o direito da mãe ter uma folga durante a jornada de trabalho para alimentar seu filho, exigiu que houvesse planos de seguro-maternidade, que as mães grávidas e as lactantes tivessem o direito legal de receber leite gratuito e, se necessário, enxoval para o novo bebê, custeado pela cidade. O Partido Trabalhista também exigia fosse construísse creches para crianças pequenas em cada fábrica, sugerindo que o custeio disso fosse fornecido pelo proprietário da fábrica ou pela cidade, além de consultas médicas gratuitas às mães e às crianças pequenas, para que o médico pudesse observar o curso da gravidez, dar conselhos e instruir a mãe nos cuidados infantis.

Cada mulher da classe trabalhadora deveria abandonar sua indiferença e a apoiar movimento da classe trabalhadora, que lutou e ainda luta por essas exigências e moldou o velho mundo em um mundo melhor em que mães não choram mais as lágrimas amargas e em que a cruz da maternidade se tornou uma grande alegria e um grande orgulho (Kollantai).

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