O Movimento Nacional de Direitos Humanos e os desafios das lutas por reconhecimento e redistribuição

 

Trago para o debate crítico o trabalho da professora Imar Domingos Queiróz, cujo tema é “O Movimento Nacional de Direitos Humanos e os desafios das lutas por reconhecimento e redistribuição”, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do título de Doutora em Sociologia Política, publicada em 2007.

A escolha desta pesquisa para fazer o debate tem a finalidade de valorizar a produção das mulheres que fazem parte do corpo docente da Universidade Federal de Mato Grosso, onde me formei e me pós-graduei, portanto, uma oportunidade de externar minha gratidão ao privilégio do ensino público e de excelente qualidade o qual tive acesso.

As tentativas de transformação social por meio dos direitos humanos no século XXI podem se beneficiar de um olhar crítico sobre o passado (FONSECA & ROCHA, 2023), nesse sentido, optei por comentar o capítulo 3.4 da tese, cujo tema é: “O Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) nos anos 90: articulação em redes”, tendo em vista que conversa com escolha do colega Robson Guimarães, "Travesti e prisões: experiência social e a materialidade do sexo e do gênero sob o lusco-fusco do cárcere".

 Há mais de três décadas, as articulações vêm sendo estabelecidas não mais entre os movimentos sociais isoladamente (enquanto sujeitos coletivos com demandas e identidades específicas), mas em redes e fóruns de movimentos sociais e OSCs (Organizações da Sociedade Civil) que, não obstante as suas especificidades, unem-se para a construção e defesa de princípios comuns, a democracia, a cidadania, os direitos humanos e o combate à desigualdade e à exclusão social.

 Na época em que a tese foi escrita o MNDH integrava-se ao Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos (FENDH) que era composta várias organizações, das quais cito algumas para exemplificar: Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT) (essa era a sigla da época em que a tese foi escrita, há cerca de 16 anos); Associação Brasileira de Organizações Não-governamentais (ABONG); Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB). Ao longo desse percurso a população LGBTQUIA + venceu inúmeras batalhas, mas ainda segue na luta pelo reconhecimento de inúmeros direitos ainda negados, mormente à parcela que se encontra privada de liberdade.

 Muitas das organizações referidas acima mudaram sua nomenclatura, ampliaram seus objetivos, entretanto, os direitos humanos continuam sendo o elo que vincula todas elas. Na contemporaneidade tendemos a ser uma sociedade de redes organizacionais, de redes inter-organizacionais e de redes de movimentos e de formação de parcerias entre as esferas pública e privada, criando espaços de governança com a participação cidadã porque as redes de movimentos possibilitam, transpor fronteiras territoriais, articulando o pensamento global com a atuação local.

 A crítica que faço em relação a tese da professora Imar é ausência do pensamento de Gramsci em seu trabalho, considerando que ele é uma grande referência na categoria cultura, além do fato dele ter sido uma pessoa com deficiência, ter escrito os cadernos dentro do cárcere, portanto, sensível a dois tipos de exclusão.

 Conforme citado na apostila, o que diferencia o ser humano de outros animais sociais é a existência do que pode ser chamado de “cultura”. Nesse sentido, entendo que a nova utopia da modernidade é a revolução cultural, cuja tarefa dos intelectuais é determinar e organizar a reforma moral e intelectual, ou seja, adequar a cultura à função prática”, realizar mudanças com engajamento às causas sociais dos excluídos e discriminados e com defesa da democracia na diversidade.

Atividade Avaliativa apresentada no Curso de Especialização em Direitos Humanos e Contemporaneidades na UFBA.

 Referências:

 FONSECA, G. F. e ROCHA, J. C. S. R. Direitos humanos I Salvador: UFBA, Faculdade de Direito; Superintendência de Educação a Distância, 2023. 103 p. il.

 QUEIRÓZ, I. D: O Movimento Nacional de Direitos Humanos e os desafios das lutas por reconhecimento e redistribuição, 2007, UFSC.

 WARREN, I.S. DOSSIÊ: MOVIMENTOS SOCIAIS. Das mobilizações às redes de movimentos sociais, Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Sociologia e Ciência Política, Santa Catarina, 2006 in https://www.scielo.br/j/se/a/BF3dYyyqYgB7RX7fj7SrpQk/#  Acesso em 03 de set de 2023.

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